É seguro? Como criar estrategias de segurança? Como é para uma mulher viajar sozinha? Perdi meu relógio Garmin no hotel, o que fazer?
EP 07
DIARIO DE BORDO 7 – 9 a 10-07-2022
by Amably Monari
Ser mulher viajando em moto sozinha, não há como não pensarmos sobre a iminência do perigo, principalmente na América Latina.
Uma das coisas que as mulheres em minhas redes sociais mais me perguntam é se eu não tenho medo. Sim, tenho muitos medos, entretanto, penso que ser valente não é não ter medo e sim seguir adiante.
Mundo Sur fez um mapeamento latino americano, da violência de gênero de janeiro de 2021 a Júlio de 2022, sobre feminicidios em Argentina, Chile, Colombia, Equador, Panamá, Puerto Rico, Uruguai, Venezuela y Honduras. Tendo como 1.750 casos registrados, 685 eram ex companheiros, 458 dado incerto ou desconhecido.
Há muitas discussões sobre os métodos dos quais são registrados violência de gênero, muitos casos de feminicidos são datados como crimes passionais, entretanto, são crimes de ódio pelo fato de ser mulher, o que não tem relação nenhuma com paixão e amor.
E aqui já entraríamos em uma discussão de amor romântico do qual fomos ensinadas acreditar que quando alguém te maltrata está demostrando afeto, porém, já vemos um avanço nessa discussão. Na quebra do amor romântico nos debates sobre relacionamentos abusivos e tóxicos.
É claro que todos esses dados, e conhecimento sentido em meu corpo politico como mulher, por ser um lugar ocupado grande parte por homens, tudo isso influencia em minhas decisões de onde irei parar, com quem vou conversar e onde irei dormir.
Nos faz retornar a pergunta norteadora; Será que hotel de beira de estrada é seguro para uma mulher sozinha?
Ao longo desses 3 anos viajando em moto, criei algumas estratégias de proteção, inclusive compartilhei em uma das perguntas que recebi na caixinha do Instagram.
Quando estou na estrada, aciono minha luzinha interna de alerta, me sinto como uma radar, capto todas as informações ao meu redor, atenta as pessoas que passam por mim, aos lugares onde vou parar, as perguntas que me fazem, tudo…
Extremamente cansativo estar assim, até o momento esse estado de alerta já me salvou muitas vezes de situações incomodas.
Compartilho com vocês algumas estratégias de segurança na estrada, algumas construí outras foram dicas de mulheres motociclistas.
conheça seus próprios gatilhos e mesmo assim descobrirá novos.
Tenho um grupo no Whatsapp no qual envio minha localização em tempo real, pessoas que eu confio minha vida, envio fotos de pessoas que vou encontrando no caminho, nomes, placas, e tudo que eu entender que é relevante ou supérfluo, para que essas pessoas possam seguir meus rastros caso aconteça algo.
Com localizador por GPS, em caso de acidente faz uma ligação por satélite para um telefone de emergência
Dentro da minha carteira deixo os dados necessários sobre mim, inclusive tipo sanguíneo, doação de órgãos ou não, o que fazer em caso de morte cerebral e etc , em caso de acidente, facilita o trabalho dos paramédicos.
Deixar visível a logo e câmera me sinto mais protegida e as pessoas respeitam mais, inclusive proporciona a oportunidade de perguntarem sobre o projeto PSICOLOGIA POR EL MUNDO.
Sou uma pessoa que me conecto com pessoas, trato todo mundo seja quem for da mesma maneira, humanizada, além de que ser Psicóloga, me ajuda a ler as dinâmicas relacionais e já detecto rápido como devo agir em cada situação. E a humanidade pode ser um instrumento de empatia.
Tenho sempre em mente que NÃO SE PODE CONTROLAR NADA NESSA VIDA, a única coisa passível de controle é o autocontrole da conduta, o como queremos reagir diante de uma situação, e mesmo assim somos humanes e somos passiveis de impulsividade, raiva, medo e distração. Ou seja, ser flexível e fazer auto acolhimento daquilo que damos conta de fazer, pensar e sentir em cada momento da vida
“PERDI” MEU RELOGIO GARMIN NO HOTEL
Durante o ato de viajar sinto falta de ter as coisas nos seus próprios lugares, como fazemos em casa. A rotina organiza o pensamento, não precisamos gastar energia no que já sabemos, no entanto, estar na vida como viageira é não ter constância do habitual.
Tento criar uma rotina de tirar e colocar cada item que levo sempre no mesmo lugar, da mesma maneira, para que eu não possa esquecer e para que também não precise gastar energia para verificar se esta tudo em ordem no momento de levantar acampamento rs.
No entanto, nesse dia cheguei tão cansada e com uma dor insuportável no meu ombro esquerdo, pela posição de pilotagem do guidão, que a única coisa que queria era tomar um banho quente.
Mesmo o relogio sendo a prova dàgua, é o único momento que o tirava, para tomar banho. Depois de passar um bom tempo em um chuveiro delicioso de agua quente que fez com que meu ombro doece um pouquinho menos, decidi ir comer no posto de gasolina ao lado do hotel.
Ao retornar, assisti um filme emocionante “A ULTIMA NOTA” (CODA), dirigido por Claude Lalonde. Dormi muito bem pelo cansaço rs, mas também pelas reflexões que o filme nos leva, para a vivencia de amores saudáveis, tranquilos e o sustendo da relação pela cumplicidade e reciprocidade.
Despertei no tempo do meu corpo rs e fui “levantando acampamento” montando Mabel para a partida, percebi que estava sem o relógio depois de tudo já na moto.
Tentei procurar pelo quarto, banheiro nos lençóis e não encontrei. Pensei na possibilidade de ter esquecido em Córdoba ou Rosário, mas revendo os vídeos, cheguei em Frias de relógio e me lembro de retirar para tomar banho.
Tentei ligar para o hotel por dias seguidos e me responderam que ninguém havia encontrado, estranho, porque ou alguém entrou no quarto enquanto fui comer no posto ou ficou no quarto quando sai, alguém encontrou porque em minhas coisas não está.
Além de uma perda financeira altíssima, para minhas condições, porque foi um relógio que me presenteei exatamente pela segurança que poderia me proporcionar, assim como para monitorar minha hipoglicemia na estrada, fiquei extremamente decepcionada comigo mesma por não ter cumprido minha rotina de me assegurar de manter cada coisa em seu devido lugar, no caso, o relógio no punho.
Não há muito que fazer nessas situações a não ser lidar com a frustração e aprender.
Dessa situação aprendi que a rotina é essencial e que os hotéis de beira de estrada são seguros até certo ponto, não deixar suas coisas valiosas soltas, estar atenta em todas as pessoas dos quartos ao lado, se assegurar de trancar a porta e a confirmação de que frustrações sobre coisas, são passageiras.
VEM CONHECER O HOTEL QUE FIQUEI
Nesse vídeo tentei mostrar um pouco mais da rotina cotidiana da vida de uma mulher nômade motociclista, e como encontrei esse hotel na beira da estrada.
Ain`t Got No \ Got life da Nina Simone, impressionante como cada momento na minha vida minha crazy playlist comeca a tocar musicas do que estou realmente sentindo. Escutando tudo pelo meu INTERCOMUNICADOR FOXCOMM
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